7 ESTRELO LANÇA NOVO DISCO COM SHOW IMAGÉTICO

“IV” foi apresentado em aplaudido espetáculo audiovisual e interativo

Quinta-feira, 9 de julho de 2015. O relógio marcava 20 horas quando as portas do teatro Nossa Senhora das Dores, na região leste de BH, foram abertas para o lançamento do novo álbum do 7 Estrelo, “IV”. Logo de cara, o público se deparava com a ornamentação do palco: instrumentos harmoniosamente dispostos sobre um carpete branco, em cima do qual foram espalhados globos – daqueles de boate – formando pontos de luz encantadores. Na linha de frente, pedestais e microfones, teclado, sintetizadores e flautas; ao fundo, instrumentos de corda, com destaque para a citara, uma das grandes novidades da nova fase sonora do grupo.

Aos poucos, os assentos do teatro foram sendo ocupados em sua totalidade por pessoas de todas as gerações: de bebê de colo a idosos, passando por crianças, adolescentes e adultos. A diversidade do público era um nítido reflexo da versatilidade do trabalho do 7 Estrelo. Às 21 horas, as luzes comuns do teatro foram apagadas e somente o palco recebeu iluminação especial. O silêncio era a voz da expectativa pelo que viria a seguir, no espetáculo dirigido por Diego Benicá.

A lenda indígena das “Sete Estrelas” foi o ponto de partida do show, contada através do áudio original presente no disco, gravado pelo garotinho Gustavo Rodrigues – na época com 3 anos. O telão ao fundo do palco projetou a legenda para que o público entendesse a história por trás do nome do grupo. Sob aplausos, André Lanari e Bruno Tonelli entraram em cena e assumiram seus postos. Lado a lado, com figurino étnico-hippie-galáctico em branco e preto – assinado também por Diego Benicá – e maquiagem oitentista, a la David Bowie – feita pela maquiadora Bianca Tocafundo – o duo começou a apresentação com a faixa “SempreViva Azul”, cuja execução contou com performance da bailarina Larissa Souzza, que interpretou o roteiro da música através da interação com as projeções de Thyala Serena no telão.

“Alguma Coisa Nova” emocionou com uma intercalação de vozes caprichosamente afinadas. Posteriormente, o duo chamou mais uma participação especial: o representante do Templo Hare Krisna Iskcon BH, Narasimhadeva Dasa, que introduziu a instrumental “Maya” com um mix de mantras em capela arrebatador, capaz de transportar os espectadores à Índia com a ajuda dos acordes da citara. Em seguida, a bailarina Larissa de Souzza retornou ao palco para interpretar a faixa “Electra Luz”, interagindo com a explosão de luzes e projeções multicoloridas que desenhavam a música. A essa altura, o figurino de André e Bruno – até então preto e branco – também já havia ganhado cores. A declaração de amor confessa “Amor Dia Dá” e a balada “Soul Cool” foram executadas na sequência.

A chocante “Sucupira” – fruto da parceria com o renomado DJ e produtor israelense Lior Josh antecedeu a performance de “Sub Humano”, que contou com a participação do vocalista da banda mineira Verso Venenoso, Bruno Felipe Diniz, potencializando a mensagem de justiça social da faixa com um rap reflexivo. O espetáculo repleto de beats teve seu momento acústico – mas não menos empolgante – com a execução de “Fleury” e uma versão unplugged da originalmente dançante “Eu Vi Você”, interpretadas sem intervalo, como se fossem uma música só.

Já na reta final do show, Gabriela da Costa, percussionista do Grupo Girau, entrou no palco e mostrou sua destreza com os pandeiros, tocando-os impecavelmente na instrumental “O Fio da Teia da Aranha”, garantindo uma pegada cigana à canção composta por viola caipira. “Mãos Dadas de Todas as Mãos”, com solo de violino gravado no disco por Marcus Viana, veio a seguir com a participação da violinista Nath Rodrigues, que interpretou a canção divinamente.

“A Constelação da Paz” fechou o set oficial do lançamento do disco feito com benefícios da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de 2012 e produção executiva de Regina Ganz. Entre uma faixa e outra, os músicos não pouparam simpatia e contato com o público, que respondia à altura. Durante cerca de 1 hora e 30 minutos, André Lanari e Bruno Tonelli prenderam a atenção da plateia com uma receita homogênea de naturalidade, segurança, maturidade e profissionalismo no palco. As projeções exclusivas de Thyala Serena, videoartista do grupo, deram forma e significado a todas as faixas, garantindo o caráter imagético do show. Eram evidentes os gritos de “bis” após a última música; e ele veio com o hit carimbado “Longe Estou/Far Away”, que fez a plateia esquecer da compostura teoricamente compatível com teatros e agir como se estivesse numa rave. À propósito, sentir vontade de levantar e dançar durante o show foi fácil; difícil mesmo foi dormir depois do que foi visto e sentido naquela noite inesquecível.

Texto por Aline Viana

Foto por Pedro Gontijo/Tino Cultural